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COLECISTITE: Exames complementares

Na semana passada apresentamos as manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento da COLECISTITE, (clique aqui para acessar) um quadro de abdome agudo inflamatório extremamente freqüente nas alas cirúrgica e de emergência dos hospitais.

O diagnóstico é essencialmente clínico, porém exames laboratoriais e de imagem podem ser úteis para confirmação e diagnóstico diferencial.



EXAMES LABORATORIAIS:


Quanto aos exames laboratoriais, o hemograma apresenta leucocitose com desvio para esquerda, o hepatograma está alterado com elevação das transaminases e fosfatase alcalina, bilirrubinas e amilase.


A hiperbilirruminemia pode ser devido a compressão extrínseca pelo processo inflamatório grave, pela coledocolitíase ou pela síndrome de Mirizzi, que é causada pela impactação de um cálculo no infundíbulo que pode fistulizar para o colédoco e obstruí-lo. Ja hiperamilasemia pode ocorrer pela obstrução do ducto pancreático levando a pancreatite concomitante.


EXAMES DE IMAGEM:


O diagnóstico e o acompanhamento imagiológico das doenças biliares baseia-se na ultrassonografia, na tomografia computadorizada, na ressonância magnética e na cintilografia.


O ultrassom mantém-se como o exame de escolha na avaliação inicial das doenças biliares agudas, devido a sua facilidade de execução, ampla disponibilidade e grande acurácia no diagnóstico da colecistite aguda.



ULTRASSONOGRAFIA:

A ultrassonografia é o exame inicial e permite a identificação de alterações que não são visíveis ao exame físico, além de possibilitar uma classificação. É considerado o exame padrão “ouro” para diagnóstico de colecistite.


Tem alta sensibilidade para detecção de cálculos e o espessamento da parede que é anormal quando maior que 4mm. Também pode ser observado ao exame a presença de líquido perivesicular, distensão da vesícula, cálculos impactados no infundíbulo e o sinal de Murphy ultrassonográfico. Este sinal é relatado quando, após a identificação da vesícula inflamada, o ultrassonografista comprime o abdome na topografia da mesma com o transdutor e o paciente queixa dor intensa.

Figura 1 - Colecistite Aguda - USG evidencia a vesícula biliar com paredes espessadas e edemaciadas (setas pequenas) e com grandes cálculo em seu interior (seta longa).*

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA:

A tomografia computadorizada helicoidal e a ressonância nuclear magnética também ajudam na identificação de alterações mal diagnosticadas pelo ultrassom.


Elas permitem a identificação de coleções ou gás na parede ou o interior da vesícula e a presença de pneumoperitônio ou acometimento perivesicular, que não são detectados pelo US, e que via de regra requerem tratamento de emergência.


Se há mais de um sinal de gravidade, a TC torna-se obrigatória para identificar colecistite complicada e indicar cirurgia de urgência.


Figura 2 - TC apresentando alteração perfusional perivesicular na colecistite aguda. Cálculo impactado no infundíbulo da vesícula biliar (ponta de seta em "A") e espessamento da parede da vesícula, com alteração de hiperperfusão no parênquima hepático adjacente (setas).*



Figura 3 - RNM apresentando comprometimento do parênquima hepático em torno da vesícula (seta).*



RADIOGRAFIA:

A radioscopia pode evidenciar paresia com ou sem elevação do hemidiafragma direito.


A radiografia simples do abdome pode demonstrar a existência de cálculos radiopacos (figura 4) ou de gás desenhando a vesícula (figura 5). Além destas imagens pode, eventualmente, fornecer o aspecto que caracteriza a presença de um processo inflamatório agudo no hipocôndrio direito ou de uma peritonite generalizada.


Figura 4 - Radiografia simples de abdome, apresentando imagens radiopacas no hipocôndrio direito (seta) evidenciando quadro de COLELITÍASE.



Figura 5 - Radiografia simples de abdome, mostrando gás ao redor da parde vesical (seta).


*As imagems devem ser sempre associada a clínica apresentada pelo paciente.


COLANGIOGRAFIA

A colangiografia consiste em um exame das vias biliares que permite a visualização do trajeto que a bile percorre desde o fígado até o duodeno. Por meio deste exame, é possível identificar obstruções do canal por onde a bile passa. Existem diferentes formas de realizar a colangiografia, como:

  • Colangiografia endovenosa;

  • Colangiografia endoscópica;

  • Colangiografia intra-operatória;

  • Colangiografia pós-operatória pelo dreno de Kehr (tudo T)​

Portanto, pode ser indicada para estudo da vesícula biliar que não foi observada através de um colescistograma oral, pacientes colecistomizados (ressecção da vesícula biliar) e que apresentam vômito e diarreia intensos impossibilitando a absorção do contraste. Além de, ser utilizada para a realização de estudo dos canais biliares e pancreáticos e da papila maior do duodeno e, ainda, no intra-operatório e pós operatório da ressecção cirúrgica da vesícula (colecistectomia) para a prevenção de uma complicação causada por cálculos residuais nos ductos biliares.


Figura 6 - Colagiografias obtidas no transoperatório de colecistectomia.

Exame normal obtido pela introdução de cânula metálica no ducto cístico com o contraste na via biliar principal, no canal pancreático e no duodeno (A). Em (B) colangiografia pós-operatória obtida pelo dreno T (Kher) introduzido na via biliar principal que está dilatada e com calculo impactado (imagem em taça invertida) impedindo a passagem de contraste para o duodeno.

 

REFERÊNCIAS:


Maya MCA, Freitas RG, Pitombo MB, Ronay A. Colecistite aguda: diagnóstico e tratamento. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto. 2009;8(1):52-60.


Sebastião, José dos Santos,andKumar,AjithSankarankutty. COLECISTECTOMIA: ASPECTOS TÉCNICOS E INDICAÇÕES PARA O TRATAMENTO DA LITÍASE BILIAR E DAS NEOPLASIAS. FUNDAMENTOS EM CLÍNICA CIRÚRGICA - 2ª Parte 2008; 41 (4): 449-64. Capítulo III



Torrez, Franz R. Apodaca, and Tarcisio Triviño. "Abdome agudo inflamatório." LOPES, AC; REIBSCHEID, S.; SZEJNFELD, J. Abdome agudo: clínica e imagem. São Paulo: Atheneu (2004): 51-77.


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